29/10/2008

Vai jumento!

A mente nunca sabe o que quer realmente, mas ela fica pegando no nosso pé, sempre dizendo que falta algo.

Ai você liga a TV, lê uma revista, entra em algum site e aparece aquela propaganda dizendo indiretamente que você é feio, se veste mal, tem um cabelo horrível, tá gordo, estudou pouco, enfim é um infeliz total! Tudo isso só para explorar esse aspecto incompleto da nossa mente e assim nos levar a gastar dinheiro em coisas inúteis, que só nos fazem sentir felizes durante alguns momentos e rapidamente se tornam descartáveis ou ultrapassadas.

Ontem fui fazer um treinamento em uma empresa pelo trabalho e acabei participando sem querer de uma palestra motivacional, que foi realizada na sequência.

A palestrante perguntava para as pessoas:

- O que você quer dessa vida?

E as pessoas respondiam:

- Comprar uma casa.
- Trocar de carro.
- Voltar a estudar.
- Arrumar um namorado.
- Ficar mais bonito(a).
- Casar.

Mas elas não querem realmente isso, o que elas querem é deixar de se sentirem incompletas e vazias! Quem colocou esses valores e objetos na mente dessas pessoas foi a sociedade, com a promessa de que vão resolver a insatisfação.

Não tem problema ter e querer coisas, só não podemos nos iludir imaginando que essas coisas serão a razão da nossa felicidade.

Li no jornal dias atrás sobre a alteração genética do tomate que permita que ele acumule uma substância anti-cancerígena, segundo o cientista esse seria um grande avanço, afinal:

"A maioria das pessoas não come cinco porções de frutas e legumes por
dia, mas pode se beneficiar se frutas e legumes puderem ser cultivados
com níveis mais altos de compostos ativos", disse Martin."

Pronto, já que as pessoas são incapazes de mudar a sua rotina para se alimentarem melhor, vamos desenvolver "alimentos" modificados geneticamente para serem mais nutritivos.

Genial não?

Seguindo por essa linha, vamos desenvolver máquinas mais inteligentes
para as pessoas aprenderem menos.

Carros mais confortáveis para andarem menos.

Calculadoras para calcularem menos.

Robôs para trabalharem menos.

Televisão para pensarem menos.

Ai elas serão mais felizes e saudáveis ou talvez mais estúpidas e dependentes.

E se querem que sejamos estúpidos, que benefício eles tem com nossa estupidez?
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15/10/2008

O juízo final?

Dia a dia, novidade a novidade, assim em abril desse ano passei 21 dias em 15 cidades diferentes. Todas a "trabalho".

Em uma delas, não me lembro bem qual, quando eram 10 horas da manhã aproveitei o intervalo entre o fim do trabalho e o horário de saída do ônibus para desfrutar da piscina do hotel.

Assim que cheguei notei a presença de 2 homens vestidos socialmente, com seus respectivos notebooks e celulares, sentados na sombra em uma mesa próxima.

Durante quase 1 hora na qual permaneci ali um deles não tirou o celular da orelha nem por 1 minuto!

Era um "meu querido" pra cá, "negócios" pra lá, metas de não sei onde, fulano que gerencia não sei o que, desenvolvimento do sistema, prestador, aumento de vendas e mais um monte de jargões que qualquer executivo ou empresário de sucesso deve repetir ao menos 10 vezes por dia.

Apesar de estar descansando eu me diverti ouvindo a conversa, me diverti com a falsidade, com as frases prontas, com a diferença no tom de voz quando ele falava com os clientes e quando ligava para os funcionários.

O outro homem que o acompanhava repetiu ao menos umas 3 vezes para o colega e para os funcionários do hotel: "Rapaz, muito trabalho! Ontem fui dormir às 2 da madrugada" e falava de boca cheia, orgulhoso, como se seu esforço fosse ser reconhecido pela mente comum da sociedade "nossa, que rapaz trabalhador!".

Era impossível não notar os 2 homens, eles destoavam do ambiente, no entanto a rolinha que fazia seu ninho numa palmeira num dos cantos da piscina só eu notei.

Ela subia e descia, subia e descia, repetidamente, pegando pequenos pedaços de galhos que estavam no chão e os levava para uma pequena entrada entre as folhas da palmeira, onde pacientemente construia seu lar.

Ninguém aplaudiu o esforço da rolinha, a bolsa não subiu, o dólar não sofreu nova queda e os juros não aumentaram. Ninguém reconheceu a rolinha por seus méritos e capacidades e ninguém remunerou ela pelo tempo gasto em sua atividade.

A rolinha não fazia corpo mole, nem se esforçava a mais para mostrar serviço, ela apenas fazia o que tinha de ser feito, ao contrário dos homens tomados pela ganância e poder que não cansavam de falar sobre seus lucros.

Sabe, fazem mais de 4 anos que moro em um espaço frequentado por todos os tipos de pessoas, a grande maioria mais velhas em relação a mim, por isso de certa forma aprendi a prever o futuro.

Aprendi que o juízo final não é após a morte, mas no leito de uma UTI ou na cadeira de balanço de um asilo, quando todas nossas ações e escolhas serão julgadas, não por Deus, mas por nós mesmos. E acredite, somos muito mais implacáveis!

Quantos olhares vazios e lágrimas de sofrimento vi, quando não havia mais o que ser dito além de palavras de conforto.

O ninho ficou pronto, os ovos chocaram, os filhotes cresceram e se foram. O tempo passou. E agora?

Dizem que para se ter algo nessa vida você precisa se MATAR de trabalhar. Bom, eu atualmente tenho preferido ficar vivo mesmo.

Entre uma ligação e outra o executivo da piscina ainda virou-se para mim e disse: "Poxa rapaz, estamos atrapalhando seu descando, não!".

Eu não respondei, mas pensei: "Não amigo, meu descanso é que está atrapalhando vocês".

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Circuit Breaker acionar!


Sempre que a bolsa desvaloriza mais que 10% é acionado o Circuit Breaker e os negócios são interrompidos por 30 minutos.

Esse mecanismo serve para diminuir o ritmo das perdas e também pra nego ir fumar um, dar uma mijada e voltar com a cabeça mais fresca.

Eu queria sugerir o contrário também, quando a bolsa subir mais de 10% acionem o Circuit Breaker:

- É isso aê negada! Já ganharam muita grana hoje! Vão pra casa!

Seria o mecanismo de emergência para diminuir a ganância que consome esse nosso planetinha.

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