17/10/2006

Cenas do próximo capítulo

Cintilando pelo escuro o vaga-lume extingue a escuridão.

Uma simples fagulha queima toda a floresta.

A raiva consome a energia, enquanto o intocado descansa em mares calmos.

A visão limitada pelos sentidos capta apenas as necessidades mais egoístas, como se os olhos, mesmo voltados para fora, só pudessem enxergar o caminho que leva ao próprio umbigo.

Umbigo esse que um dia já esteve ligado à mãe, que esteve ligado a vó e a bisavó e assim infinitamente durante séculos e séculos.

Será difícil perceber que espaço e tempo se entrelaçam?

As vozes só podem expressar meias verdades, porque admitir a ignorância é embaraçoso.

Dessa forma seguimos por estradas imaginárias, sem começo ou fim, que não sabemos onde vão dar, impulsionados apenas por uma aparente necessidade de vir a se tornar algo melhor.

Será difícil perceber que o Universo em todo seu sutil e radiante equilíbrio não é capaz de gerar coisas incompletas?

O verdadeiro cordão umbilical não pode ser cortado, permanecemos todos unidos em um grande útero fértil de vida, nascendo e renascendo apenas em nossa ignorância, enquanto os fatos e acontecimentos se manifestam com novos enredos baseados em repetitivos padrões.

Será difícil perceber que a água que escorre pelos dedos e a mesma que corre pelas veias?

Dentro e fora são apenas referências simbólicas.

Em uma era de rebuliços bélicos formados em torno de questões materiais irrelevantes, não há mais tempo para desperdiçar com o que é passageiro, abra-se para o eterno.

Perceba que, independentemente de sua idade, toda sua vida serviu apenas de aperitivo para algum acontecimento maior projetado no futuro, mas que nunca é servido.

Temos o poder de vivenciar apenas um contínuo e ininterrupto momento, que cansamos de desperdiçar com pormenores, não espere até o último capítulo para obter suas conclusões, aproveite enquanto o tempo parece infinito para mergulhar na brevidade do agora!

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