Quando o mundo desmorona é assim mesmo, de uma hora para outra.
Nós é que fixamos morada no barranco com a falsa sensação de calma e segurança que o horizonte traz.
Quão fortes são as fundações que erguemos para esse aparente lar!
Protegemos com dentes e unhas um território clamado, criamos artifícios para atestar sua legalidade, atestar posse e propriedade e esquecemos que a existência não conhece nada sobre contratos e escrituras.
Além das imaginárias linhas divisórias que definem e traçam os limites estende-se o indivisível tapete da vida.
É assim que sem aviso prévio castelos e domínios vem abaixo e com eles surgem incontáveis e passageiras mensagens de pêsames, flores e coroas.
Por mais falsos que soem ninguém economiza nos elogios, um pacto mútuo e silencioso de mediocridade.
Se a vida é um aprendizado a morte é a prova final, somente aqueles que verdadeiramente compreendem a brincadeira por trás dela podem sorrir no momento final.
Final do que?!
Fantasiada com trapos ou brilhantes a matéria se recicla em incontáveis formas, formadas pelos mesmos elementos comuns.
Se são os mesmos elementos comuns como pode haver separação?
Se não existe separação de onde viemos e para onde vamos?
A resposta está na ponta da língua, a um palmo do nariz, na frente dos olhos e em tudo que existe.
A própria dúvida que surge com essa afirmação é a própria constatação da realidade.
Uma dúvida fresquinha formada pelos mesmos elementos comuns para questionar os elementos comuns.
Sim, você é comum! Tão comum como a água que cai das nuvens, tão comum como o esgoto que corre para os rios, tão comum como as ondas que quebram no oceano!
Especialmente comum!
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam há 15 bilhões de anos atrás no Big Bang.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam no caldeirão de vida que se formou na Terra a 5 bilhões de anos atrás.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe vivenciaram a glória e a aniquilação dos dinossauros, as conquistas de Roma e a escuridão da Idade Média.
Queimamos e fomos queimados nas fogueiras.
Enforcamos e fomos enforcados.
Nascemos e morremos em inúmeras formas, todos juntos, SEMPRE juntos, sem exceção.
Diz o ditado que a união faz a força, imagine-se unido com o Todo!
Não importa para onde vá, não há escapatória, conexão permanente e sem falhas de transmissão, um canal livre e direto para o sagrado.
O sagrado especialmente comum, que nos rodeia forma e nutre o tempo todo.
Aquele que não termina na morte, nem começa no nascimento.
Abandone a segurança do barranco e mergulhe na incerteza do comum!
Satisfação total ou seu investimento de volta!
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