09/04/2007

Próxima parada: O Infinito

Era 1:20hs da madruga, depois de andar mais de 50 minutos a pé, com uma dor horrível no joelho direito, tudo que eu precisava era que o ônibus passasse para me levar para casa. Ter de completar a pé o fim do trajeto naquele momento e naquelas condições iria ser desesperador.
Mas a história não começa ai, horas antes estava em Ilha Bela, quando tudo que queria era estar na cama dormindo, foi um dia cansativo e não tinha disposição para curtir a noite, ao contrário dos meus amigos que me acompanhavam.

De repente, no meio da multidão, me deu cinco minutos e decidi ir embora, dei tchau, fui até o ponto de ônibus e peguei uma lotação que estava saindo, 23hs da noite, viro para o motorista e pergunto:

- Vai para a balsa?

- Vai, mas dá uma volta grande hein!

- Tudo bem, não estou com pressa.

Depois de um tour por Ilha Bela finalmente chego na balsa e consigo atravessar para São Sebastião, eram 00:10hs de um novo dia. Chego ao ponto de ônibus e pergunto para um caiçara que estava ali:

- Oi amigo, o ônibus que vai sentido Caraguá já passou?

- Ihhh amigo, acabou de passar, o próximo é só as 1:10hs.

Maravilha! Pensei comigo. Vou a pé mesmo.

Foi assim que às 1:20hs estava num ponto bem mais a frente esperando pelo ônibus, sabia que a pé seria difícil terminar o trajeto.

Mas porque o diabo do ônibus não passava?! Já estava atrasado em 10 minutos! E nessa hora não tem trânsito, alias, não tinha nem mesmo uma alma viva na rua. Nada além da brisa que soprava gelada do mar.

Confesso que olhei para o céu e pensei:

- Puta merda! Eu sempre confio em você, mas não dá pra dar pelo menos uma aliviada de vez em quando não?! Eu nunca peço nada! Cacete!!

Realmente fiquei nervoso, talvez até por besteira, mas naquele momento estava difícil manter o controle.

Olhei mais uma vez para a rua vazia, olhei para o céu novamente e pensei:

- Tá bom! Se é assim eu vou a pé mesmo! Foda-se!

Viro de costas, dou alguns passos e ouço o ônibus chegando, dou o sinal, o motorista para uns metros à frente e subo.

Impressionante como isso foi tão significativo, uma lição sobre a confiança. Normalmente quando perdemos a esperança é que as coisas acontecem.

Se tivesse esperado mais alguns minutos, certamente teria dormido com uma tensão a menos nos ombros.

Naquela noite a vida me mostrou uma fraqueza em minha prática, com uma classe que só ela tem.

Obrigado!

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