21/12/2008

2008, o ano que não acaba

2008 é um ano daqueles que mesmo depois que acaba, leva anos para terminar.

Esse foi o ano em que, até mesmo aquele mais indisposto à mudança, teve de se desconfortar em ao menos trocar os sapatos.

O clima de tensão estava no ar fazia algum tempo, afinal toda essa ansiedade e euforia trazida pela ganância do dinheiro fácil e volumoso tinha um preço. Todo mundo sabia que não estava certo, mas ninguém queria ser o primeiro a sair.

Saímos todos, mesmo os que nem entraram.

Ontem fui assistir a um show de um grande amigo, cantor de reggae. A festa era pré-reveillon, muita gente de branco, frutas à vontade e o desejo de contar logo de 10 a 1 e encerrar a temporada. Só faltou o champagne.

O champagne e os motivos da comemoração.
Comemorar o que?

Santa Catarina registra 125 mortes por causa das enchentes
Chuva tira 28 mil pessoas de casa em Minas Gerais
Maldivas podem sumir por causa do aquecimento global
Motorista dirige pela contra-mão na BR-153 em SP
Tiro de Lindemberg causou ação policial
Caso Isabella: polícia estranha depoimentos do casal
Economistas projetam desemprego de 8,5% em 2009

Na reunião do último dia no trabalho (antes das 2 semanas de descanso coletivo) a diretora confirma as suspeitas:

"- Ano que vêm só temos recursos financeiros até março e ainda é difícil dizer como serão as expectativas de novos projetos. Temos conversado sobre trabalhar com providências contra o aquecimento global com outras entidades, mas essa é uma discussão demorada."

"- Só vai sair depois que a Groelândia derreter." Eu respondi.

Acabou o clima da reunião.

Ontem falei sobre os fantasmas em outro post, mas vejo que é necessário explicar melhor o que são esses fantasmas. Fantasmas não são entidades que vagam por ai puxando o pé das crianças na cama, nem seres brancos que habitam o interior de construções antigas.

Fantasmas são sombras de experiências que não vivemos completamente. Sombras que carregamos escondidas em lugares do nosso espírito que não gostamos de visitar.

Sombras esquecidas que voltam justamente quando as situações externas se tornam mais frágeis, como nesse ano.

Receios, medos, amargura, pesadelos, tontura, exaustão, sofrimento.

Não ache que está sendo punido. Os fantasmas não estão lá para assustá-lo, eles não aterrorizam as pessoas por malvadeza, mas para chamar a atenção.

Os fantasmas querem ser curados.

Oportunidade linda que esse ano traz para resolver problemas muito maiores do que crises financeiras. Problemas muito mais próximos e reais a cada um de nós.

Hoje pela manhã acordei com a notícia que um primo distante foi baleado e está em coma. Minhas palavras são fruto do meu desejo de resgatá-lo, mas não apenas a ele, mas a todos que mesmo caminhando, trabalhando, conversando e vivendo, também estão em coma. . .

Que todos tenhamos coragem de mergulhar no desconhecido e retornar de peito aberto.
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