Foi no Parque da Água Branca, junto com mais uns 30 palhaços, para comemorar os 80 anos do parque.
Na última aula antes desse "batizado", a professora do curso disse:
"- Você se sente seguro pra sair amanhã? Eu nunca soltei um palhaço com tão pouco tempo de curso. Você sabe, não é obrigatório, se você não quiser."
E eu respondi:
"- Se alguém me pedir pra fazer alguma graça, eu digo que não sei ainda, porque sou só estagiário."
E a saída aconteceu. Umas dessas experiências únicas da vida.
Eu era o palhaço vestido de empresário: meio capitalista, meio mafioso. Com minha pasta de executivo, meu sapato engraxado, meu terno elegante e minha cara de bunda.
Logo no começo uma senhora, quando me viu, disse:
"Nossa! Que sério!"
Nessa hora um outro palhaço virou-se pra mim e disse:
"E palhaço não pode ser sério? Quem aqui tá brincando?". E foi embora.
Eu tava sério como palhaço. Como o funcionário obrigado a fazer o curso, porque o chefe mandou. A preencher o relatório, porque o chefe mandou, A sorrir, quando quer mandar se foder, porque o chefe mandou.
Mas depois o clima ficou mais ameno, mais espontâneo, mais natural e eu também relaxei. Percebi que o palhaço é livre, porque pode fazer qualquer coisa. Afinal, quem se importa? É só um palhaço.
Percebi também que quanto mais eu mergulhava no momento, menos minha mente queria controlar a situação, controlar quem eu era, o que eu podia fazer, como eu devia agir e reagir. Percebi que quanto mais fundo existe a entrega à não-mente, mais forte é Sua manifestação no Todo. Sem fazer nada, tudo acontecendo.
Foi isso.
Ficou interessado? Fica com o meu cartão:

PS: Sim, eu imprimi isso e distribui lá.