Se você soubesse que partiria pela última vez, o que levaria consigo? Se soubesse que toda partida é a última, faria algo diferente?
O momento presente é como um penhasco entre penhascos. É impossível voltar e impossível saber onde o próximo salto vai dar. Entre esses dois penhascos toda vida acontece.
Entre dois penhascos você vai para a escola; entre dois penhascos você encontra o amor; entre dois penhascos o choro daquele pequeno ser lhe conquista; entre dois penhascos nos abraçamos e despedimos.
O que resta após o fim? Que fim é esse que nunca cessa? Como se datas pontuadas entre nascimento e morte resumissem todo o Universo.
Intenso...
Quando algo é bom o fim nos deixa tristes. Quando algo é ruim o fim nos deixa felizes. Lógica engraçada essa, que sugere que as piores experiências são as que nos deixam melhores.
Ouvi dizer que a felicidade é como um vagalume, pois acende e apaga o tempo todo e que o segredo para estar sempre feliz é ter muitos vagalumes. Interessante, só não esqueça que o escuro também é bom.
"Tchau e obrigado". Respondendo a primeira pergunta, isso é o que eu levaria em minha última partida. Não levaria roupas, documentos ou dinheiro. Não levaria nem mesmo meu nome. Levaria apenas essas duas palavras: "tchau e obrigado".
"Tchau", para sempre lembrar que tudo passa. Que o penhasco é só um momentâneo trampolim para a constante novidade.
"Obrigado", porque de penhasco em penhasco, fiz ótimos amigos.
Certa vez proclamou o Sábio: "o homem que parte de verdade não olha para trás".
Caro, Sábio, da forma como vejo as coisas, o homem que olha para trás não é o mesmo que partiu. Qual deles compreendeu a verdade?
Suave...
Olá, prazer em revê-lo, não, não emagreci, só estou mais leve. Desculpe, mas não tenho como lhe dar o que você pediu. O eu que você confunde comigo eu larguei há alguns penhascos atrás. Mas sim, ainda tenho algo a lhe dar, guarde com carinho, pois é o melhor de mim: "tchau e obrigado".