08/06/2016

Relações humanas (Parte 2 de 2)

Parte 2 de 2: Reconstruindo

"Quer se casar comigo?"

Talvez uma das frases mais clássicas da sociedade ocidental moderna, onde a liberdade de escolher um marido ou esposa se tornou comum.

O que significa essa frase na prática? Preparativos para uma festa? Morar junto? Construir uma família? O que essas perguntas tem em comum? Futuro? Expectativas de construir algo em um momento adiante quando ainda existirá união?

Desconstruindo as relações humanas no texto anterior assumi a hipótese que as compartimentações dos diferentes tipos de relações humanas são uma convenção cultural que muda e evolui. O que indica então essa questão do futuro sob uma nova ótica?

Pergunto, seria possível classificar todas as relações humanas em apenas duas categorias? A primeira, aquela que a relação é suficiente em si só e a segunda onde a relação depende de um compromisso mútuo por algo a ser construído no futuro?

Faz sentido, não? Relações familiares e relações de amizade, por exemplo, se baseiam em uma relação que existe por si só. É claro que existem discussões, brigas e reconciliações, porém um amigo que some por anos não deixa de ser amigo e uma irmão que some por anos não deixa de ser irmão. Não existe expectativa de uma construção conjunta. Mesmo que em alguns momentos exista construção, não existe a expectativa.

Já uma relação entre duas pessoas que se amam ou uma relação entre sócios em um negócio, exige um comprometimento maior que vai além da própria relação. Nessa dinâmica o futuro e a expectativa que deriva dele é fundamental para manter a união. Chame isso de sonhar junto se achar mais poético.

Agora reflita por alguns momentos, quantas relações você poderia ter visto com mais clareza ao longo da vida pensando dessa forma? Quantas melhores decisões poderiam ter sido tomadas? Quanto drama poderia ter sido evitado?
Veja, que simples perceber que ainda pode existir amor entre duas pessoas, pode existir excitação de sistemas físico-químicos de recompensa, porém sem a expectativa de construir um futuro juntos e, portanto, sem uma possibilidade de união.

Interessante, não? Por essa visão as compartimentações podem continuar existindo, porém relações entre irmãos que não compartilham um sangue comum podem ser estabelecidas, casais podem permanecer juntos enquanto for bom, sem expectativa de futuro, e relações entre amigos podem ser muito mais intensas e ao mesmo tempo leves, sem compromissos desnecessários.

É possível construir um futuro em comum junto com uma pessoa? Se a resposta for não, a questão está resolvida. Mesmo que ainda exista sentimento, apego, ciúme, desejo, ainda assim, a questão principal está resolvida.

Meus votos por relações cada vez mais claras e sonhos cada vez mais juntos.

Nenhum comentário: