Cheiro de carniça
não sei onde estão
os corpos putrefados
ou aqueles ossos já ocos
não sei
Cheiro de bebê
na sala da maternidade
vida nova enche o corredor,
aqueles ossos putrefados
nasceram de novo.
Creio, se misturam
com o odor das flores
que ainda planto, os camuflo
fingindo que não existem,
esperança despercebida de
que simplesmente não existam mais
e assim sigo
Enterrado no jardim,
tutano, ossos, músculos e pele
nem só de lágrimas e risos
vivem as pessoas,
talvez uma esperança despercebida de
que talvez simplesmente não existam mais
e assim sigo, sim sigo, mas para onde?
entre o calor do sangue
que pulsa na carne,
eles se camuflam
ou os camuflo metodicamente
entre o calor do sangue
e a frieza do olhar
as dualidades se completam em meu coração
e transmutam-se em aromas mais sutis
o colecionador somos?
Somos quem?
o colecionador é?
É o que?!
Se me faço no outro, sou osso?
Se me faço em mim, sou o outro?
Se me faço no outro, que resta de mim?
As moléculas que me formam
são as mesmas que formam tudo.
Elementos comuns, fazendo e desfazendo.
Partículas a brincar de criar Universos.
Onde termina eu começa outro?
Onde termina outro começa eu?
Expiro aliviado,
preencho o mundo de amor,
de merda ele está cheio.
Agradeço...
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