18/03/2009

O Abismo nosso de cada dia


Existem 2 tipos de pessoas: aquelas que diante do abismo olham para baixo; e aquelas que diante do abismo olham para cima.

Percebi isso outro dia quando me contaram sobre uma situação que ocorreu em um espaço de meditação que freqüento.

Esse espaço existe a mais de 10 anos e vive única e exclusivamente de contribuições voluntárias das pessoas que participam dele.

Durante esses anos já se passaram crises, momentos difíceis, caixa negativo, atraso no pagamento de algumas contas, mas incrivelmente a situação nunca ficou tão difícil a ponto de se tornar irreversível.

No entanto o presidente do espaço tem passado por algumas dificuldades e por conta disso, desde o início de 2009, outras pessoas estão participando da gestão do local.

O ano de 2009 é a montanha e o caixa financeiro do espaço o Abismo dessa história.

Essas pessoas que assumiram a gestão pensam muito diferentemente do antigo presidente. Para eles o abismo é fundo e não tem fim, enquanto o céu acima é indiferente.

O espaço está com o caixa negativo nesses primeiros meses do ano, no entanto ao invés de procurar atitudes positivas de divulgação, atrair mais pessoas ou mesmo conversar e montar algumas campanhas para que os atuais freqüentadores contribuam um pouco mais para a manutenção da casa, os gestores seguiram o outro caminho, o de cortar custos.

Acontece que sempre que se cortam custos, cortam-se também relações.

E dessa forma a fofoca e as conversinhas de corredor começam a brotar por todos os cantos. E elas não são inofensivas. São essas conversas que criam os cenários imaginários (e sem base real) do que está acontecendo. Dos cenários surgem os grupos, que são a favor ou contra. E da formação de grupos surge à divisão.

É a divisão que aprofunda os abismos.

Corte de custos é um termo comum hoje em dia, pratica adotada em todos os lugares, apresentado em programas de domingo na TV e idolatrado em tempos de crise financeira.

Sou a favor da eficiência, mas não do corte de recursos, que apenas visam manter os que têm com bastante e os que não têm com menos ainda.

Enfim, essa é a história que deu origem a imagem do abismo nosso de cada dia, mas esse exemplo pode ilustrar muitos outros fatos da vida. Apenas lembre-se disso sempre que se deparar com uma questão: você prefere olhar o fundo do poço, ou o contorno das nuvens?
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