"Tenho muito medo", disse a borboleta com lágrimas nos olhos, antes de fechar-se novamente em seu casulo de seda.
Mal sabia que ela, pequenina assim, ousava voos mais altos do que qualquer outra de sua espécie já havia ao menos sonhado.
Pouco antes de sua não fácil decisão era comum ouvir nos corredores sussurros sobre sua atitude:
"Tadinha, deve ter enlouquecido". Diziam alguns.
"É só uma fase, vai passar". Diziam outros.
"Tenho tanto medo que ela sofra". Profetizava a mãe.
Porém, nada seria capaz de demovê-la de seu nobre objetivo. Afinal não era sua culpa ter nascido alma tão grande em um corpo tão frágil.
Quando ela finalmente emergiu de seu sono profundo eu não estava presente, ninguém estava. Seu nascimento foi testemunhado apenas pela vida, que gentilmente cuidou de sua gestação.
Sua nova forma era tão grande, mas tão grande que seus semelhantes nem mesmo eram capazes de enxergá-la. Sua vontade tão grande, mas tão grande, que o Sol as vezes atrasava um pouco sua ida, apenas para contemplá-la por mais alguns segundos.
Não mais cabendo nos mesmos moldes seu corpo fundiu-se com o próprio céu. Agora do bater de suas asas formam-se tornados e da leveza de seu voo os mais belos fins de tarde.
Até hoje quando chove costumo caminhar até o jardim, apenas para dizer:
"Não chore tanto pequena borboletinha, seus receios são libertadores".
Nenhum comentário:
Postar um comentário