02/06/2014

Tem fogo?


Samsara (sânscrito-devanagari: संसार, perambulação) o fluxo incessante de sofrimento e felicidade estabelecido pelo dia a dia.

Samsara é a sua vida. Cada minuto da sua vida, quer você queira, quer não, nunca foi nada além de Samsara.

Samsara é um labirinto, um enorme labirinto sem saída. Um labirinto de ruas largas e arborizadas, de forma que você tem a sensação de não estar em um labirinto.

O público muda, mas os desejos são os mesmos. Cada qual escolhe aquilo que está mais alinhado ao seu desejo, mesmo sem saber que desejo é desejo, independente do objeto.

Você muda de emprego, de companhias, de lugares; novos continentes, amigos e culturas. “Aqui ainda não está bom, mas lá estará, certeza que estará!”. Ruas largas, muito largas. 

O que é ruim incomoda demais, mas o que é bom enjoa rápido, qual a solução? Disseram-lhe que o caminho da felicidade está em correr atrás de seus sonhos. Ah sim! Os sonhos. Nada tão largo quanto um sonho; ruas largas, muito largas, lembra-se delas?

A lista contínua de sorrisos na linha do tempo da rede social destoa das caras fechadas que perambulam mundo afora - não manifesta ditadura da felicidade superficial. Estar triste é vergonhoso e ser conduzido um sinal de fraqueza.

Nos foi dito que a posição do líder é o ponto maior a ser alcançado. Vida longa ao rei! Não nos disseram, entretanto, que na primeira fase o líder se julga superior aos demais, na segunda se julga inferior ao se colocar no lugar do outro e, então, na última fase, não existe diferença entre líder e conduzido, apenas caminho. Poucos chegam lá. Nessa trilha a arrogância e a soberba ofuscam o julgamento. Ruas largas, muitos largas, acho que já comentei sobre isso.

Mas hoje é um dia diferente, um dia triste. Um dia de assentar no frio da solidão. Os rostos passam a volta agitados, tomados pela excitação do que é passageiro, mas eu não, hoje não, hoje caminho pela rua estreita, pelo beco escuro.

Se reclamo do beco escuro me sinto infeliz; se me vanglorio por enfrentar o beco escuro me sinto superior. Independente da minha posição o beco é o beco e eu sou eu, ou não.

Sou eu, beco e escuro. Tudo e além de tudo. Aquele que vislumbra a inexistência da verdade sem existir como um aquele. Aquele que não se importa com a rua nem com o Samsara, porque pé e estrada são um só.

Seria a vida assim absurda a ponto de te colocar em um lugar onde só você existe? Onde só você é feliz e onde só você foi injustiçado? Não, a vida não discrimina. Eu, vivo e iludido por minha diferença é que discrimino. Eu, vivo e ofuscado pelo julgamento é que quero escolher o que deve ou não deve acontecer. Ruas largas, infinitas! Ruas que aprisionam minha liberdade sob minha permissão.

Tudo bagunçado, a ponto de pegar fogo, pena que não tenho um isqueiro.

2 comentários:

Ana Veet Maya disse...

Bem-vindas ruas largas. E as estreitas. Bem-vindos os labirintos, as planícies, os planaltos, as ruas de terra e asfaltadas. Bem-vindas alegrias, tristezas e o vazio. Em todos os caminhos eu sempre encontrarei você! Porque se tudo é fantasia, a da amizade é a que mais gosto! Beijos e saudade!!!!!!

Ana Veet Maya disse...


Bem-vindas ruas largas. E as estreitas. Bem-vindos os labirintos, as planícies, os planaltos, as ruas de terra e asfaltadas. Bem-vindas alegrias, tristezas e o vazio. Em todos os caminhos eu sempre encontrarei você! Porque se tudo é fantasia, a da amizade é a que mais gosto! Beijos e saudade!!!!!!