Durante muito tempo observei o mundo de dentro de minha redoma de vidro, a parte e distante, protegido apenas pela aparente segurança de abundantes recursos.
Hoje agradeço por todo sofrimento que escolhi enfrentar e que me libertou desse breve e ilusório universo com "u" minúsculo.
Mente estável, coração puro.
Perdoe antes de ouvir as desculpas, assim você será capaz de acomodar generosamente tudo que existe em seu coração.
25/02/2007
24/02/2007
Os ossos do Colecionador
Cheiro de carniça
não sei onde estão
os corpos putrefados
ou aqueles ossos já ocos
não sei
Cheiro de bebê
na sala da maternidade
vida nova enche o corredor,
aqueles ossos putrefados
nasceram de novo.
Creio, se misturam
com o odor das flores
que ainda planto, os camuflo
fingindo que não existem,
esperança despercebida de
que simplesmente não existam mais
e assim sigo
Enterrado no jardim,
tutano, ossos, músculos e pele
nem só de lágrimas e risos
vivem as pessoas,
talvez uma esperança despercebida de
que talvez simplesmente não existam mais
e assim sigo, sim sigo, mas para onde?
entre o calor do sangue
que pulsa na carne,
eles se camuflam
ou os camuflo metodicamente
entre o calor do sangue
e a frieza do olhar
as dualidades se completam em meu coração
e transmutam-se em aromas mais sutis
o colecionador somos?
Somos quem?
o colecionador é?
É o que?!
Se me faço no outro, sou osso?
Se me faço em mim, sou o outro?
Se me faço no outro, que resta de mim?
As moléculas que me formam
são as mesmas que formam tudo.
Elementos comuns, fazendo e desfazendo.
Partículas a brincar de criar Universos.
Onde termina eu começa outro?
Onde termina outro começa eu?
Expiro aliviado,
preencho o mundo de amor,
de merda ele está cheio.
Agradeço...
não sei onde estão
os corpos putrefados
ou aqueles ossos já ocos
não sei
Cheiro de bebê
na sala da maternidade
vida nova enche o corredor,
aqueles ossos putrefados
nasceram de novo.
Creio, se misturam
com o odor das flores
que ainda planto, os camuflo
fingindo que não existem,
esperança despercebida de
que simplesmente não existam mais
e assim sigo
Enterrado no jardim,
tutano, ossos, músculos e pele
nem só de lágrimas e risos
vivem as pessoas,
talvez uma esperança despercebida de
que talvez simplesmente não existam mais
e assim sigo, sim sigo, mas para onde?
entre o calor do sangue
que pulsa na carne,
eles se camuflam
ou os camuflo metodicamente
entre o calor do sangue
e a frieza do olhar
as dualidades se completam em meu coração
e transmutam-se em aromas mais sutis
o colecionador somos?
Somos quem?
o colecionador é?
É o que?!
Se me faço no outro, sou osso?
Se me faço em mim, sou o outro?
Se me faço no outro, que resta de mim?
As moléculas que me formam
são as mesmas que formam tudo.
Elementos comuns, fazendo e desfazendo.
Partículas a brincar de criar Universos.
Onde termina eu começa outro?
Onde termina outro começa eu?
Expiro aliviado,
preencho o mundo de amor,
de merda ele está cheio.
Agradeço...
20/02/2007
O Colecionador de Ossos
O último espaço livre da parede foi preenchido pela manhã, o Colecionador de Ossos fez mais uma vítima essa noite.
Nem mesmo as frestas de luz abertas pela janela são capazes de ofuscar sua obsessão.
Pela casa espalham-se diferentes ossadas, todas mulheres de diferentes idades e tipos, sua paixão não é nada seletiva ou preconceituosa.
Uma a uma, noite a noite, o Colecionador busca nos cemitérios pelos túmulos mais esquecidos e abandonados.
Em sua cabeça seu trabalho é de salvação, uma silenciosa luta para resgatar memórias esquecidas, condenadas ao silêncio da vida eterna.
Conhece e chama todas pelo nome, apesar de agora serem centenas nunca as confunde ou esqueçe. A elas dedica uma atenção que provavelmente nunca tiveram em vida.
Contam que seu amor é verdadeiro porque não cria expectativas, daquele tipo que se manifesta quando não há mais nada a ser alcançado.
Quando fui chamado para fazer o laudo da cena do crime não senti em momento algum repulsa. Pode parecer estranho, mas realmente aqueles ossos enfileirados pareciam ser gratos de alguma forma pelo esforço daquele homem.
Como se de alguma forma o amor pudesse alterar a expressão da morte, dessa forma para mim seu trabalho também era de salvação.
No entanto não entendia como alguém que se dedicava inteiramente a cuidar dos mortos, pudesse cometer um assassinato tão frio.
Na sala principal o sangue seco guardava um corpo feminino, marcado com o peso de sete punhaladas.
O julgamento foi rápido, causa fácil. Diagnóstico? Distúrbios mentais. Pena? Prisão perpétua, ou como dizem nos termos legais, isolamento em hospital psiquiátrico para tratamento de doença mental.
Assim naquela noite todos puderam dormir tranquilos, com a sensação de justiça feita.
Menos eu...
Para mim aquelas punhaladas não foram de ódio, mas de medo.
Pela primeira vez aquele Colecionador de ossos se envolveu com alguém que não podia prever, pela primeira vez teve contato íntimo com um ser humano vivo, de carne e osso.
A situação pela qual sonhou durante tantos anos aconteceu, uma amante, uma pessoa que sentia seu carinho e retribuia.
Assim seu amor foi testado e ele falhou.
Depois de tantos anos de preparação, cuidando, estudando e protegendo inúmeras ossadas abandonadas ele desenvolveu uma estranha habilidade de ver a vida na morte, no entanto quando os ossos tomaram vida e se materializaram em sua presença ele estremeceu, perdeu o controle.
Para mim o que levo daquele homem é essa grande mensagem, de que quando desejamos demais por algo, no fundo temos medo de que aquilo se realize, porque caso se torne verdade não teremos mais pelo que buscar, nem pelo que sofrer.
Difícil aceitar, quem lê provavelmente imagina se tratar de um grande absurdo, mas vejo ocorrer todos os dias nas mais diferentes situações.
Portanto tudo que posso lhe fazer é uma pergunta, pela qual não espero resposta.
E você? Onde tem guardado seus ossos?
Nem mesmo as frestas de luz abertas pela janela são capazes de ofuscar sua obsessão.
Pela casa espalham-se diferentes ossadas, todas mulheres de diferentes idades e tipos, sua paixão não é nada seletiva ou preconceituosa.
Uma a uma, noite a noite, o Colecionador busca nos cemitérios pelos túmulos mais esquecidos e abandonados.
Em sua cabeça seu trabalho é de salvação, uma silenciosa luta para resgatar memórias esquecidas, condenadas ao silêncio da vida eterna.
Conhece e chama todas pelo nome, apesar de agora serem centenas nunca as confunde ou esqueçe. A elas dedica uma atenção que provavelmente nunca tiveram em vida.
Contam que seu amor é verdadeiro porque não cria expectativas, daquele tipo que se manifesta quando não há mais nada a ser alcançado.
Quando fui chamado para fazer o laudo da cena do crime não senti em momento algum repulsa. Pode parecer estranho, mas realmente aqueles ossos enfileirados pareciam ser gratos de alguma forma pelo esforço daquele homem.
Como se de alguma forma o amor pudesse alterar a expressão da morte, dessa forma para mim seu trabalho também era de salvação.
No entanto não entendia como alguém que se dedicava inteiramente a cuidar dos mortos, pudesse cometer um assassinato tão frio.
Na sala principal o sangue seco guardava um corpo feminino, marcado com o peso de sete punhaladas.
O julgamento foi rápido, causa fácil. Diagnóstico? Distúrbios mentais. Pena? Prisão perpétua, ou como dizem nos termos legais, isolamento em hospital psiquiátrico para tratamento de doença mental.
Assim naquela noite todos puderam dormir tranquilos, com a sensação de justiça feita.
Menos eu...
Para mim aquelas punhaladas não foram de ódio, mas de medo.
Pela primeira vez aquele Colecionador de ossos se envolveu com alguém que não podia prever, pela primeira vez teve contato íntimo com um ser humano vivo, de carne e osso.
A situação pela qual sonhou durante tantos anos aconteceu, uma amante, uma pessoa que sentia seu carinho e retribuia.
Assim seu amor foi testado e ele falhou.
Depois de tantos anos de preparação, cuidando, estudando e protegendo inúmeras ossadas abandonadas ele desenvolveu uma estranha habilidade de ver a vida na morte, no entanto quando os ossos tomaram vida e se materializaram em sua presença ele estremeceu, perdeu o controle.
Para mim o que levo daquele homem é essa grande mensagem, de que quando desejamos demais por algo, no fundo temos medo de que aquilo se realize, porque caso se torne verdade não teremos mais pelo que buscar, nem pelo que sofrer.
Difícil aceitar, quem lê provavelmente imagina se tratar de um grande absurdo, mas vejo ocorrer todos os dias nas mais diferentes situações.
Portanto tudo que posso lhe fazer é uma pergunta, pela qual não espero resposta.
E você? Onde tem guardado seus ossos?
06/02/2007
Aguenta coração!
Para entender verdadeiramente o amor, a primeira coisa a se fazer é abandonar completamente a idéia de que se pode compreendê-lo.
Compreendê-lo através dos instrumentos que temos atualmente a disposição.
Imagine um telefone celular, que se comunica através de um sinal de rádio, agora imagine uma rede de internet sem fio que também use a tecnologia de transmissão por rádio.
Apesar de usarem a mesma base de transmissão, um é incapaz de se comunicar com o outro.
Da mesma forma funciona o coração e a mente.
Por isso não é possível compreender o amor, pois são esferas distintas de linguagem.
Por se basear apenas em símbolos que retratam a realidade, a mente não pode existir sem a presença e formulação de pensamentos.
Enquanto para o coração a presença ou não de pensamentos é insignificante.
A mente capta o ambiente pelos sentidos e cria uma realidade interior, repleta de julgamentos, posições e valores.
O coração apenas capta, sem filtros o que se manifesta, seja lá o que vier.
A mente restringe, compartilha e segmenta as informações para criar um mundo de acordo com suas convicções.
O coração não limita, seus domínios são infinitos, porque ele de nada toma posse. É necessário um processo lento de retorno para eliminar os julgamentos da mente e também de confiança para permitir a entrega completa na hora certa, sem segundos pensamentos, para tornar possível à abertura do coração.
Da lama germinam muitas flores lindas, assim também é a sutileza do coração.
Apenas escute essa mensagem, sem pensar em certo ou errado, quando seu coração realmente ouvir a canção do Universo, ele se abrirá sem que nada precise ser feito ou conduzido.
Deixe que sua vida seja como o verdadeiro pulsar do coração, infinito.
Normalmente a mente entende as mensagens do coração de maneira radicalmente diferente, criando interpretações de sentimentos onde eles não existem, ou como se costuma dizer, colocando asas em cobras.
Não é da natureza do amor perpetuar segundas intenções, suas ações são as mais claras possíveis, mas só são absorvidas em essência por uma mente sem filtros.
Caso contrário o sentido é deturpado.
O coração não pode fazer o mal, mesmo afastado não fere.
Ao contrário da mente que vai das juras eternas de amor, ao desejo mais frio e tenebroso de vingança e amargura.
Aqueles olhos livres de criança, capaz de amar totalmente um simples boneco de pelúcia como se ele fosse a coisa mais importante da existência.
Naquele momento aquele bicho de pelúcia realmente é a coisa mais importante do mundo, essa é a forma como o coração se entrega e abraça o momento, sem um reduto sequer de dúvida.
Aposto que você imaginou o contra ponto tradicional de infinitos pensamentos que cruzam a mente, quase na velocidade da luz, aceitando e condenando todas as expressões com a mais perfeita lógica.
Não é de se estranhar à confusão, não é possível derramar o conteúdo do oceano em uma gota de água, mas o contrario é verdadeiro, desde que você esteja pronto a entregar.
Não SE entregar, ou entregar ALGO, mas ENTREGAR!
A vida é tão antiga quanto à eternidade e dança em novos enredos e papéis a cada instante.
Caminhando sem olhar para trás, cada caminho é completo em si mesmo, aceito o desafio e o vento carrega meu corpo sem esforço, assim é, verdade mesmo, de coração...
Compreendê-lo através dos instrumentos que temos atualmente a disposição.
Imagine um telefone celular, que se comunica através de um sinal de rádio, agora imagine uma rede de internet sem fio que também use a tecnologia de transmissão por rádio.
Apesar de usarem a mesma base de transmissão, um é incapaz de se comunicar com o outro.
Da mesma forma funciona o coração e a mente.
Por isso não é possível compreender o amor, pois são esferas distintas de linguagem.
Por se basear apenas em símbolos que retratam a realidade, a mente não pode existir sem a presença e formulação de pensamentos.
Enquanto para o coração a presença ou não de pensamentos é insignificante.
A mente capta o ambiente pelos sentidos e cria uma realidade interior, repleta de julgamentos, posições e valores.
O coração apenas capta, sem filtros o que se manifesta, seja lá o que vier.
A mente restringe, compartilha e segmenta as informações para criar um mundo de acordo com suas convicções.
O coração não limita, seus domínios são infinitos, porque ele de nada toma posse. É necessário um processo lento de retorno para eliminar os julgamentos da mente e também de confiança para permitir a entrega completa na hora certa, sem segundos pensamentos, para tornar possível à abertura do coração.
Da lama germinam muitas flores lindas, assim também é a sutileza do coração.
Apenas escute essa mensagem, sem pensar em certo ou errado, quando seu coração realmente ouvir a canção do Universo, ele se abrirá sem que nada precise ser feito ou conduzido.
Deixe que sua vida seja como o verdadeiro pulsar do coração, infinito.
Normalmente a mente entende as mensagens do coração de maneira radicalmente diferente, criando interpretações de sentimentos onde eles não existem, ou como se costuma dizer, colocando asas em cobras.
Não é da natureza do amor perpetuar segundas intenções, suas ações são as mais claras possíveis, mas só são absorvidas em essência por uma mente sem filtros.
Caso contrário o sentido é deturpado.
O coração não pode fazer o mal, mesmo afastado não fere.
Ao contrário da mente que vai das juras eternas de amor, ao desejo mais frio e tenebroso de vingança e amargura.
Aqueles olhos livres de criança, capaz de amar totalmente um simples boneco de pelúcia como se ele fosse a coisa mais importante da existência.
Naquele momento aquele bicho de pelúcia realmente é a coisa mais importante do mundo, essa é a forma como o coração se entrega e abraça o momento, sem um reduto sequer de dúvida.
Aposto que você imaginou o contra ponto tradicional de infinitos pensamentos que cruzam a mente, quase na velocidade da luz, aceitando e condenando todas as expressões com a mais perfeita lógica.
Não é de se estranhar à confusão, não é possível derramar o conteúdo do oceano em uma gota de água, mas o contrario é verdadeiro, desde que você esteja pronto a entregar.
Não SE entregar, ou entregar ALGO, mas ENTREGAR!
A vida é tão antiga quanto à eternidade e dança em novos enredos e papéis a cada instante.
Caminhando sem olhar para trás, cada caminho é completo em si mesmo, aceito o desafio e o vento carrega meu corpo sem esforço, assim é, verdade mesmo, de coração...
15/01/2007
Ego e Individualidade
Esta história conta a vida de 2 irmãos chamados Ego e Individualidade.
Poderia ser uma história como qualquer outra, não fosse o fato de que a mãe de Ego e Individualidade só deu a luz a uma criança...
Após 9 meses de espera e carinho eis que o mundo escutava o choro novo de um recém chegado.
Individualidade nasceu forte e saudável, uma menina de quase 3 quilos com um sorriso lindo que encantava a todos.
Seus primeiros anos foram como os de qualquer outra criança, brincando, engatinhando, andando, correndo, encantando os olhos fascinados dos pais corujas.
Por volta dos 4 anos, Individualidade apresentou seu novo irmãozinho à mãe:
- Olha mamãe, o nome dele é Ego! A Dona Cegonha deixou no jardim!
A mãe, que já havia lido sobre crianças e como elas criam amigos imaginários, julgou-se preparada para lidar com a nova situação e incentivou a filha:
- Que lindo! E olha como parece com você, tem o seu sorriso!
No começo tudo era normal, os pais de Individualidade imaginavam que ela criará seu irmão imaginário para ter alguém com quem brincar e dividir os momentos solitários que ficava em casa, enquanto ambos saiam para trabalhar. A mesa do jantar sempre tinha um lugar a mais, com pratos e talheres para Ego se sentar.
E um a um os anos passaram, no entanto a crença de Individualidade em Ego, seu irmão imaginário, se fortalecia mais e mais, ao contrário do que diziam os livros e especialistas.
Ego tornou-se o irmão conselheiro inseparável de Individualidade, era com ele que ela dividia todos seus medos, inseguranças e incertezas, assim como os momentos de felicidade e alegria, não importava onde ou com quem ela estivesse ele estava sempre presente.
Por conta dessa estranha mania os amigos reais de Individualidade se afastavam dela, tinham vergonha ou receio de andar ao lado de uma menina que todos diziam ser maluca. Na escola ela era sempre motivo de piadinhas, “Lá vem a Individualidade e seu amigo Gasparzinho!”, “Olha lá, quem é aquele do lado da Individualidade? Tá precisando tomar um Sol coitadinho, tá até transparente!”.
Preocupados os pais tentaram de tudo para despertá-la de sua ilusão, mas quanto mais falavam e brigavam, mais a ligação entre Individualidade e Ego se fortalecia.
Foi quando em um último ato de desespero, resolveram procurar um expert nos assuntos do mundo e criar uma trama para fazê-la tomar consciência da situação.
- Uma vez que ela perceba que o Ego é algo inventado e mantido apenas por sua imaginação, ela nunca mais se identificará com ele. Assim disse o expert nos assuntos do mundo.
A trama consistia em marcar uma viagem para a praia, aproveitando as férias escolares para juntos compartilharem uma semana em família.
Malas arrumadas, casa fechada, tanque cheio e uma dose tripla de calmante no copo de café com leite de Individualidade.
Após alguns minutos dentro do carro ela adormeceu profundamente e foi deixada pelos pais em um hospital, como mandava o plano.
Passadas algumas horas Individualidade despertou confusa e aturdida, sem imaginar o que havia lhe acontecido.
Instruído pelos pais e a par da situação o médico responsável veio lhe ver e contar sobre o terrível acidente que eles haviam sofrido. Por um milagre seus pais tinham sobrevivido, mas infelizmente seu irmão não tivera a mesma sorte e morreu minutos depois de dar entrada no hospital, com uma parada cardíaca devido à quantidade de sangue que perdera.
Individualidade chorou durante dias, que viraram semanas, que viraram meses, deixou de ir à escola, emagreceu quase 15 quilos e mal saia de casa.
Seus pais arrependeram-se do que fizeram, mas ficaram firmes e não lhe contaram a verdade, sempre apoiados pelo expert nos assuntos do mundo:
- Paciência, haverá um período de choque e confusão, já que ela esteve identificada com o Ego durante muitos anos. Vocês precisam permanecer fortes e confiantes, em breve ela enxergará toda a verdade e a crise acabará como num passe de mágica.
Conforme previsto ela se recuperou totalmente e anos mais tarde, formada e morando sozinha, veio a compreender naturalmente as raízes de sua ilusão e como havia criado e acreditado cegamente nela como na própria realidade.
Percebeu também a estratégia dos pais e os agradeceu por terem levado o plano até o fim sem fraquejar.
Decidiu que chegará à hora de conhecer o homem por trás de tudo e quis conhecer o expert nos assuntos do mundo.
Ao vê-lo notou que ele tinha um olhar brilhante e tranqüilo e a primeira coisa que veio a sua mente foi:
- Você sabe lidar tão bem com as pessoas, do mesmo jeito que sabe lidar com seres imaginários?
- Ambos são apenas frutos da imaginação. Ele respondeu.
Ela continuou:
- Sinto pela sua resposta que o homem capaz de enxergar o imaginário deva conhecer o real.
- Individualidade, da mesma forma digo que alguém que questiona a realidade, faz isto porque já conhece a irrealidade.
- Compreendo o que senhor quer dizer.
- Diga-me Individualidade, em qual realidade baseiam-se seus questionamentos?
Após essa conversa Individualidade tornou-se discípula do expert nos assuntos do mundo e estudou com ele durante anos. No momento de sua morte ela esteve a seu lado e foi ela quem continuou e expandiu seus ensinamentos, unindo a sabedoria dele ao seu coração cuidadoso.
Mas a morte chega para todos e um dia também sorriu para Individualidade. Foi no dia em que abandonou seu corpo que ela narrou o texto abaixo a seus discípulos:
"Naquela época, motivada apenas por uma incessante carência de reconhecimento pessoal e exterior, criei e cultivei o Ego para satisfazer as questões que me preocupavam e incomodavam.
Através dele pude cultivar um estado aparente de segurança que só vim a encontrar verdadeiramente anos mais tarde, mais precisamente quando recebi um novo nome de meu antigo mestre: Universalidade.
Olhando para trás sei que não haveria outra maneira de me fazer despertar do que aquela escolhida por meus pais e que todo sofrimento que passei era fruto apenas de minha incapacidade de enxergar as coisas como elas são, assim como é.
Portanto queridos quando eu digo que cada um de vocês é completo em si mesmo, é porque me direciono ao Ser mais profundo que habita em cada um de nós e em tudo que existe.
Que possamos todos alcançar tal realização.
Atravesso."
Um mês antes de morrer, ela narrou o texto que até hoje pode ser lido na lápide que guarda suas cinzas:
Universalidade
Não-nascida, Não-morta.
Apenas visita esse planeta esporadicamente,
como uma brisa soprada pelo vento,
como uma onda que se extingue nas areias,
como o sorriso de um recém-nascido,
como o último suspiro no leito de morte.
Esse instante, Atravesso.
Poderia ser uma história como qualquer outra, não fosse o fato de que a mãe de Ego e Individualidade só deu a luz a uma criança...
Após 9 meses de espera e carinho eis que o mundo escutava o choro novo de um recém chegado.
Individualidade nasceu forte e saudável, uma menina de quase 3 quilos com um sorriso lindo que encantava a todos.
Seus primeiros anos foram como os de qualquer outra criança, brincando, engatinhando, andando, correndo, encantando os olhos fascinados dos pais corujas.
Por volta dos 4 anos, Individualidade apresentou seu novo irmãozinho à mãe:
- Olha mamãe, o nome dele é Ego! A Dona Cegonha deixou no jardim!
A mãe, que já havia lido sobre crianças e como elas criam amigos imaginários, julgou-se preparada para lidar com a nova situação e incentivou a filha:
- Que lindo! E olha como parece com você, tem o seu sorriso!
No começo tudo era normal, os pais de Individualidade imaginavam que ela criará seu irmão imaginário para ter alguém com quem brincar e dividir os momentos solitários que ficava em casa, enquanto ambos saiam para trabalhar. A mesa do jantar sempre tinha um lugar a mais, com pratos e talheres para Ego se sentar.
E um a um os anos passaram, no entanto a crença de Individualidade em Ego, seu irmão imaginário, se fortalecia mais e mais, ao contrário do que diziam os livros e especialistas.
Ego tornou-se o irmão conselheiro inseparável de Individualidade, era com ele que ela dividia todos seus medos, inseguranças e incertezas, assim como os momentos de felicidade e alegria, não importava onde ou com quem ela estivesse ele estava sempre presente.
Por conta dessa estranha mania os amigos reais de Individualidade se afastavam dela, tinham vergonha ou receio de andar ao lado de uma menina que todos diziam ser maluca. Na escola ela era sempre motivo de piadinhas, “Lá vem a Individualidade e seu amigo Gasparzinho!”, “Olha lá, quem é aquele do lado da Individualidade? Tá precisando tomar um Sol coitadinho, tá até transparente!”.
Preocupados os pais tentaram de tudo para despertá-la de sua ilusão, mas quanto mais falavam e brigavam, mais a ligação entre Individualidade e Ego se fortalecia.
Foi quando em um último ato de desespero, resolveram procurar um expert nos assuntos do mundo e criar uma trama para fazê-la tomar consciência da situação.
- Uma vez que ela perceba que o Ego é algo inventado e mantido apenas por sua imaginação, ela nunca mais se identificará com ele. Assim disse o expert nos assuntos do mundo.
A trama consistia em marcar uma viagem para a praia, aproveitando as férias escolares para juntos compartilharem uma semana em família.
Malas arrumadas, casa fechada, tanque cheio e uma dose tripla de calmante no copo de café com leite de Individualidade.
Após alguns minutos dentro do carro ela adormeceu profundamente e foi deixada pelos pais em um hospital, como mandava o plano.
Passadas algumas horas Individualidade despertou confusa e aturdida, sem imaginar o que havia lhe acontecido.
Instruído pelos pais e a par da situação o médico responsável veio lhe ver e contar sobre o terrível acidente que eles haviam sofrido. Por um milagre seus pais tinham sobrevivido, mas infelizmente seu irmão não tivera a mesma sorte e morreu minutos depois de dar entrada no hospital, com uma parada cardíaca devido à quantidade de sangue que perdera.
Individualidade chorou durante dias, que viraram semanas, que viraram meses, deixou de ir à escola, emagreceu quase 15 quilos e mal saia de casa.
Seus pais arrependeram-se do que fizeram, mas ficaram firmes e não lhe contaram a verdade, sempre apoiados pelo expert nos assuntos do mundo:
- Paciência, haverá um período de choque e confusão, já que ela esteve identificada com o Ego durante muitos anos. Vocês precisam permanecer fortes e confiantes, em breve ela enxergará toda a verdade e a crise acabará como num passe de mágica.
Conforme previsto ela se recuperou totalmente e anos mais tarde, formada e morando sozinha, veio a compreender naturalmente as raízes de sua ilusão e como havia criado e acreditado cegamente nela como na própria realidade.
Percebeu também a estratégia dos pais e os agradeceu por terem levado o plano até o fim sem fraquejar.
Decidiu que chegará à hora de conhecer o homem por trás de tudo e quis conhecer o expert nos assuntos do mundo.
Ao vê-lo notou que ele tinha um olhar brilhante e tranqüilo e a primeira coisa que veio a sua mente foi:
- Você sabe lidar tão bem com as pessoas, do mesmo jeito que sabe lidar com seres imaginários?
- Ambos são apenas frutos da imaginação. Ele respondeu.
Ela continuou:
- Sinto pela sua resposta que o homem capaz de enxergar o imaginário deva conhecer o real.
- Individualidade, da mesma forma digo que alguém que questiona a realidade, faz isto porque já conhece a irrealidade.
- Compreendo o que senhor quer dizer.
- Diga-me Individualidade, em qual realidade baseiam-se seus questionamentos?
Após essa conversa Individualidade tornou-se discípula do expert nos assuntos do mundo e estudou com ele durante anos. No momento de sua morte ela esteve a seu lado e foi ela quem continuou e expandiu seus ensinamentos, unindo a sabedoria dele ao seu coração cuidadoso.
Mas a morte chega para todos e um dia também sorriu para Individualidade. Foi no dia em que abandonou seu corpo que ela narrou o texto abaixo a seus discípulos:
"Naquela época, motivada apenas por uma incessante carência de reconhecimento pessoal e exterior, criei e cultivei o Ego para satisfazer as questões que me preocupavam e incomodavam.
Através dele pude cultivar um estado aparente de segurança que só vim a encontrar verdadeiramente anos mais tarde, mais precisamente quando recebi um novo nome de meu antigo mestre: Universalidade.
Olhando para trás sei que não haveria outra maneira de me fazer despertar do que aquela escolhida por meus pais e que todo sofrimento que passei era fruto apenas de minha incapacidade de enxergar as coisas como elas são, assim como é.
Portanto queridos quando eu digo que cada um de vocês é completo em si mesmo, é porque me direciono ao Ser mais profundo que habita em cada um de nós e em tudo que existe.
Que possamos todos alcançar tal realização.
Atravesso."
Um mês antes de morrer, ela narrou o texto que até hoje pode ser lido na lápide que guarda suas cinzas:
Universalidade
Não-nascida, Não-morta.
Apenas visita esse planeta esporadicamente,
como uma brisa soprada pelo vento,
como uma onda que se extingue nas areias,
como o sorriso de um recém-nascido,
como o último suspiro no leito de morte.
Esse instante, Atravesso.
06/01/2007
Contigo até o talo!
Quando o mundo desmorona é assim mesmo, de uma hora para outra.
Nós é que fixamos morada no barranco com a falsa sensação de calma e segurança que o horizonte traz.
Quão fortes são as fundações que erguemos para esse aparente lar!
Protegemos com dentes e unhas um território clamado, criamos artifícios para atestar sua legalidade, atestar posse e propriedade e esquecemos que a existência não conhece nada sobre contratos e escrituras.
Além das imaginárias linhas divisórias que definem e traçam os limites estende-se o indivisível tapete da vida.
É assim que sem aviso prévio castelos e domínios vem abaixo e com eles surgem incontáveis e passageiras mensagens de pêsames, flores e coroas.
Por mais falsos que soem ninguém economiza nos elogios, um pacto mútuo e silencioso de mediocridade.
Se a vida é um aprendizado a morte é a prova final, somente aqueles que verdadeiramente compreendem a brincadeira por trás dela podem sorrir no momento final.
Final do que?!
Fantasiada com trapos ou brilhantes a matéria se recicla em incontáveis formas, formadas pelos mesmos elementos comuns.
Se são os mesmos elementos comuns como pode haver separação?
Se não existe separação de onde viemos e para onde vamos?
A resposta está na ponta da língua, a um palmo do nariz, na frente dos olhos e em tudo que existe.
A própria dúvida que surge com essa afirmação é a própria constatação da realidade.
Uma dúvida fresquinha formada pelos mesmos elementos comuns para questionar os elementos comuns.
Sim, você é comum! Tão comum como a água que cai das nuvens, tão comum como o esgoto que corre para os rios, tão comum como as ondas que quebram no oceano!
Especialmente comum!
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam há 15 bilhões de anos atrás no Big Bang.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam no caldeirão de vida que se formou na Terra a 5 bilhões de anos atrás.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe vivenciaram a glória e a aniquilação dos dinossauros, as conquistas de Roma e a escuridão da Idade Média.
Queimamos e fomos queimados nas fogueiras.
Enforcamos e fomos enforcados.
Nascemos e morremos em inúmeras formas, todos juntos, SEMPRE juntos, sem exceção.
Diz o ditado que a união faz a força, imagine-se unido com o Todo!
Não importa para onde vá, não há escapatória, conexão permanente e sem falhas de transmissão, um canal livre e direto para o sagrado.
O sagrado especialmente comum, que nos rodeia forma e nutre o tempo todo.
Aquele que não termina na morte, nem começa no nascimento.
Abandone a segurança do barranco e mergulhe na incerteza do comum!
Satisfação total ou seu investimento de volta!
Nós é que fixamos morada no barranco com a falsa sensação de calma e segurança que o horizonte traz.
Quão fortes são as fundações que erguemos para esse aparente lar!
Protegemos com dentes e unhas um território clamado, criamos artifícios para atestar sua legalidade, atestar posse e propriedade e esquecemos que a existência não conhece nada sobre contratos e escrituras.
Além das imaginárias linhas divisórias que definem e traçam os limites estende-se o indivisível tapete da vida.
É assim que sem aviso prévio castelos e domínios vem abaixo e com eles surgem incontáveis e passageiras mensagens de pêsames, flores e coroas.
Por mais falsos que soem ninguém economiza nos elogios, um pacto mútuo e silencioso de mediocridade.
Se a vida é um aprendizado a morte é a prova final, somente aqueles que verdadeiramente compreendem a brincadeira por trás dela podem sorrir no momento final.
Final do que?!
Fantasiada com trapos ou brilhantes a matéria se recicla em incontáveis formas, formadas pelos mesmos elementos comuns.
Se são os mesmos elementos comuns como pode haver separação?
Se não existe separação de onde viemos e para onde vamos?
A resposta está na ponta da língua, a um palmo do nariz, na frente dos olhos e em tudo que existe.
A própria dúvida que surge com essa afirmação é a própria constatação da realidade.
Uma dúvida fresquinha formada pelos mesmos elementos comuns para questionar os elementos comuns.
Sim, você é comum! Tão comum como a água que cai das nuvens, tão comum como o esgoto que corre para os rios, tão comum como as ondas que quebram no oceano!
Especialmente comum!
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam há 15 bilhões de anos atrás no Big Bang.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe estavam no caldeirão de vida que se formou na Terra a 5 bilhões de anos atrás.
Todas as moléculas e elementos que nos compõe vivenciaram a glória e a aniquilação dos dinossauros, as conquistas de Roma e a escuridão da Idade Média.
Queimamos e fomos queimados nas fogueiras.
Enforcamos e fomos enforcados.
Nascemos e morremos em inúmeras formas, todos juntos, SEMPRE juntos, sem exceção.
Diz o ditado que a união faz a força, imagine-se unido com o Todo!
Não importa para onde vá, não há escapatória, conexão permanente e sem falhas de transmissão, um canal livre e direto para o sagrado.
O sagrado especialmente comum, que nos rodeia forma e nutre o tempo todo.
Aquele que não termina na morte, nem começa no nascimento.
Abandone a segurança do barranco e mergulhe na incerteza do comum!
Satisfação total ou seu investimento de volta!
03/01/2007
Todo dia é Reveillon !!!
"Pow Pow Pow ! Bum Bum Bum !! Ehhhhhhhhhhhhhh !"
"Champa pra cá, champa pra lá, é a festa dos bêbados, doceiros, baleiros, fumeiros, sniffeiros, hehehe, é isso ae !
Assim como o carnaval, o reveillon é apenas mais um motivo pra todo mundo se largar ao léu da inconsciência coletiva. É engraçado. Escolhemos um dia em especial, depois de 364 dias de ralação pra podermos recarregar toda a esperança, o fôlego, o saco enfim !
Será que realmente é possível ?! Enfim, o ano é novo, mas nós, cada vez mais velhos. Quem precisa ser renovado somos nós não os números (não os anos). E já que o pra sempre, sempre acaba, que tal encararmos o " pra sempre " como o AGORA ? ou será que existe o pra sempre ? ou mesmo o nunca ?
Todo dia é-nos dada a possibilidade, a grande chance de nos encontrarmos e nos libertarmos, todo dia é Reveillon !!!"
"Champa pra cá, champa pra lá, é a festa dos bêbados, doceiros, baleiros, fumeiros, sniffeiros, hehehe, é isso ae !
Assim como o carnaval, o reveillon é apenas mais um motivo pra todo mundo se largar ao léu da inconsciência coletiva. É engraçado. Escolhemos um dia em especial, depois de 364 dias de ralação pra podermos recarregar toda a esperança, o fôlego, o saco enfim !
Será que realmente é possível ?! Enfim, o ano é novo, mas nós, cada vez mais velhos. Quem precisa ser renovado somos nós não os números (não os anos). E já que o pra sempre, sempre acaba, que tal encararmos o " pra sempre " como o AGORA ? ou será que existe o pra sempre ? ou mesmo o nunca ?
Todo dia é-nos dada a possibilidade, a grande chance de nos encontrarmos e nos libertarmos, todo dia é Reveillon !!!"
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